Que praia e calor eram uma paixão sua, todo mundo sabe. E o que combinava muito para você com essas paixões era uma outra. Docinho, geladinho, colorido e bem refrescante: seus picolés de morango.
Não sei se era mania nossa, hábito seu ou necessidade da situação. Mas uma coisa era sempre certa. Se nós comíamos, você também tinha também que comer. E sorvete não seria diferente.
Tinhamos o hábito na praia de comer sorvete de massa. Em casa também. Te oferecíamos um pouco. Mas só um pouco. Nunca chocolate, apesar de sabermos que você gostava muito desse sabor. Achávamos muito gorduroso, não que sorvete de massa também não fosse uma bomba de gordura por si só. Mas… cuidar de sua saúde era prioridade.
Mas percebi que você não ficava muito bem mesmo com míseras lambidas em uma tampinha que deixávamos você se deliciar. Só um pouquinho.
Aí, veio a onda de picolés. No início eu rachava com você. Eu começa na parte de cima, você na parte de baixo. Sua língua nunca ultrapassava os limites do seu bom senso, que seria o meu também. Cada uma no seu canto. Aí, chegando no meio eu ficava com uma parte e te dava o restante.
Restante? Resto? Quase metade do picolé já não era tão resto assim.
Com o passar do tempo, e passar dos picolés, você começou a ficar mais esperta. Ou nós, mais boazinhas também. Já não era mais apenas metade do picolé. Mas quando você percebia que eu estava pegando “de mais” na sua opinião, você dava uma imensa lambida no todo.
Todo o picolé era envolvido naquela sua língua imensa e cheia de interesse em coisas boas da vida, principalmente doces e carnes.
Então, o picolé seria só seu.
A partir daí, toda vez era um picolé inteirinho só para você. E da sua preferência: morango.