Você era uma gracinha como bebezinho cocker, mas quando virou mocinha, que graça ficou. Como nunca tivemos nenhum cachorro dentro de casa, não sabíamos como fazer nesta situação. Você ficava mais no canto e pingava gotinhas de sangue no chão.
Mas não demorou muito e tivemos a ideia: que tal calcinhas e absorvente de uso diário, daqueles pequenininhos? E foi isso que fizemos. Compramos algumas calcinhas para você tamanho bebê, fizemos um corte na altura que seria o seu rabo para poder acomoda-li para fora da vestimenta íntima, colocamos meio absorvente, cortado ao meio já que ainda assim era grande para você e estava pronto. Você anda para lá e para a de perninhas abertas. Trocamos o absorvente frequentemente e você estava sempre limpinha. Seis meses depois, você já era quase uma jovenzinha, com seu um aninho de idade e teve sua segunda menstruação. Cio para os cães. Estávamos na Praia e você começou a ficar muito pelos cantos, toda torcidinha. Logo pensamos que seria cólica que você estava sentindo. Novamente te colocamos na calcinha, meio absorvente de uso diário e tudo ok. Só que com o passar de alguns dias, você estava ficando muito tempo dormindo. Estava com a temperatura aparentando estar um pouco acima. Da forma que te colocávamos, você permanecia. Então achamos estranho e te levamos no veterinário da cidade litorânea que estávamos. Lembro-me até hoje da Dra. Thaís te examinando. Disse que não estava nada bem e talvez precisasse até mesmo de cirurgia, mas não tinha condições de fazer ali. Deveríamos levar você para nossa cidade ou para outra cidade vizinha dali em um hospital veterinário. O hospital, que no início nos soava como algo muito negativo, viria a ser quase sua casa de salvação: Clinivet.
Arrumamos todas as nossas coisas e saímos naquela madrugada mesmo direto para a Clinica recomendada. Sua fachada imponente, diferente das clínicas pequenas ou veterinários que fomos até aquela data, nos inspirou uma certa confiança – e receio do preço. Receio de não ter condições de pagar pelos serviços. Mas você era nossa prioridade então sempre pensamos que não deveríamos associar isso como algo a ser levado em consideração. Depois veríamos o que fazer. Saúde sempre em primeiro lugar.
Era bem cedinho quando chegamos e entramos sem hesitar. Em uma grande recepção ao centro, com varias atendentes, uma moça ruiva de cabelos curtinhos nos atendeu. Com você nos braços, explicamos que estávamos com uma emergência e que você precisava de atendimento. Ela prontamente nos instalou em um dos consultórios ao fundo da sala ao lado. Os consultorias tinham uma bancada ao meio, onde te colocamos deitamo-nos, um computador pendurado em uma coluna de madeira, banqueta alta para a veterinária e pia logo atras com potes e equipamentos, e duas cadeiras ao lado da porta. Foi rápido.
Pela porta ao fundo deste espaço, entrou uma moça, com cerca de trinta e poucos anos talvez, de pele clara, algumas sardinhas no rosto e cabelos castanhos curtos e cacheados. Era Doutora Lilia, quem veio a ser sua eterna salvadora e médica do coração. Ela, atenciosamente, pediu para relatarmos o acontecido, te examinou e já solicitou exames dizendo que poderia ser uma doença que deveríamos agir rápido. Após todos os exames, muito atenciosamente, ela nos explicou muito detalhadamente tudo o que estava acontecendo com você é que precisaria passar por sua primeira cirurgia: a castração. Apesar de apavorada, me senti muito segura daquela médica e sabia que ali é com ela, você estaria em boas mãos.
A cirurgia tudo bem, quando me ligaram contando do resultado, fiquei aliviada pois sabíamos do risco que você estava correndo. Você passou a noite no hospital e deveria passar mais um dia inteiro pelo menos. No entanto, na manhã do dia seguinte veio o susto: retornaram a ligação. Logo fiquei nervosa pois não sabia se poderia ter se passado algo. E passou. Você foi expulsa gentilmente da Clinica pois já estava tão bem que estava deixando todos loucos.