A relação entre humanos e cães é tão linda e sincera, mas ao mesmo tempo é complexa. O cachorro – e aqui caberia falar de todo e qualquer tipo de animalzinho de estimação – torna-se um membro da família. E membro, muitas vezes, mais importante do que os parentes. E não se assuste quando eu falar assim. Mas é a pura verdade: a gente não coloca na balança por nada do mundo o amor é proximidade que temos com nossos cães daquele parente que muitas vezes só vemos no Natal e ainda de ma vontade. Todo mundo tem um assim.
Além disso, quando o cão entra na nossa vida, ele entra para fazer parte dela nas nossas responsabilidades, afinal temos uma vida que cuidar, na rotina é indiscutivelmente no nosso lado afetivo mais íntimo. Há cães que entram na nossa vida por que queremos um companheiro, ou por que queremos companhia para alguém, por que aceremos que cuide da gente ou da casa, porque temos espaço e queremos movimento no ambiente, e por aí vai. Mas uma coisa é certa: eles vem só para nos dar alegria.
Alegria e muitas vezes suprir um estado de carência. Carência de algo, ou alguém. Não que o cão fosse um objeto, mas esse algo representa tantas frustrações, momentos, coisas que muitas vezes precisamos superar e sozinhos não conseguimos. E eles vem para isso.
Além disso, não é a carência de amor de um marido, namorado, dos pais ou de um filho. É diferente. É para suprir aquela carência que mesmo rodeado de gente, a gente sente falta. Aquele alguém a mais para dar todo o afeto e carinho que queremos receber e muitas vezes não sabemos receber do humano ou mesmo não podemos receber. Falta de tempo, ter que dividir com amigos, parentes e outros membros da família, com o trabalho e com outros compromissos. É tanta coisa que acaba faltando. Faltando inclusive em nós que queremos é precisamos mas não temos de onde tirar. Dai veem eles em uma relação muito intensa com a gente. Intensa independente do tempo que nos afastamos ou passamos juntos. Intensa independente de entrar outras pessoas ou outros pets. Intensa independente de tudo.
Mas essa relação, tem intensidade no convívio e intensidade também no tempo. O tempo para eles é mais curto que o nosso. Passa rápido. Ou melhor, voa, como um passarinho. E nessa intensidade, temos que estar preparados para tudo. Tudo mesmo.
Este livro é um relato da história de uma doce e adorada Cocker e sua mãe. Da adoção à perda, assim como toda a preparação para este momento. Momento este que nunca estaremos preparados de fato. A morte é um tema polêmico, que divide opiniões, crenças e medos. Mas a única coisa que é certa é que todos um dia passaremos por ela. Assim como nada é eterno, ninguém também é. Assim como nos, seres mortais de carne, patas e ossos.
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Agora, quase como os fogos de artifício que você sempre gostou, você está se tornando aos poucos uma estrelinha. A grande diferença é que você veio em um estouro. Mas nunca irá embora como em fogos. Você ficará eternizada no céu, sempre brilhando no jardim de estrelas e brilhando e alegrando nossos corações. Você está junto com os tantos passarinhos que pegou e tentou pegar, assim como com os peixes que também abocanhou, e com seus amigos eternos: Maga, Nikita e Nestor.
Apesar de ser um momento de partida, estamos sendo fortes por você e teremos sempre essa sua força e alegria de viver com a gente. Valorizarei a cada dia tudo o que você me ensinou.