Amanheceu. Fomos para a praia. Iriamos passar no Natal lá. Na viagem você já começou a se acostumar com o que seria sua rotina: entrar num carro e ir passear, viajar e explorar o mundo com a gente. E adorou. Tanto sua a partir dali todos vez que pegava a chave você já corria atras dizendo: “quero ir junto mãe”.
Sim, nossa relação sempre foi de mãe e filha. Para quem não é tão apegado, nunca teve ou pessoas que não dão valor a esse tipo de amizade, não entendem e nunca irão entender. Mas você era a filha que tive e a única que talvez fosse ter na vida.
Então, começaram os mimos. No natal daquele ano foi instituído seu cardápio sempre especial. O que íamos comer, tentávamos adaptar como podíamos para você. Na festa você era o centro da alegria. Afinal, você trouxe esse sentido de união entre eu e minha mãe. Mais forte. Virou a alegria e o centro da casa.
No ano novo, com seu laço especial, combinando com meu vestido, você adorou. Diferente dos outros cachorros, que correm dos fogos, você aprendeu a correr para vê-los. Levamos você para a janela, sentadinha na cômoda, com algodão nos ouvidos, todo e qualquer estouro que dava te mostrávamos o céu. E você via as estrelinhas e começava a cantar. Não era latido. Não era uivo. Era canto de alegria. Como você ficava feliz vendo aquelas estrelinhas coloridas ou brancos estourando no céu. A partir daí era até engraçado.
Todo estouro você corria para fora e logo olhava para o céu. Com as orelhinhas em pé, se isso é possível em sua raça (risos), três patinhas firmes no chão, e a patinha esquerda levemente levantada como se quisesse apontar e dizer: “olha lá, olha lá”. E todo novo rojão para você era isso. E como você ficava chateada quando estourava sem as estrelinhas. Aí sim, você latia, e vinha emburrada, ficava brava e voltava para perto da gente. Mas nunca desistiu de ver quando teriam mais estrelinhas no céu.
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